quarta-feira, 30 de novembro de 2011

REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL E ALGARVES, ORA POIS!





Eu, Jeferson Figueiredo, recebi  do meu amigo Wilson Andrade (Assessoria Técnica - CMMC Senado Federal) , uma pérola escrita pelo Historiador Elias Araújo.

Historiador Elias Araújo
- "O Elias Araujo é dessas cabeças iluminadas que nos dá um baita prazer ouvir e aprender" disse-me  Wilson.

Para os apreciadores da boa leitura, fiquem à vontade:



REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL E ALGARVES, ORA POIS!

Elias Araújo

Na última reunião do G20, no início de novembro, a presidente Dilma Roussef manifestou a disposição do governo brasileiro em apoiar financeiramente os Países da Zona do Euro, via FMI. Esta inversão de papéis do século XX para o XXI, no qual o País era devedor e agora credor, é ainda mais significativa quando comparamos as relações entre Portugal e Brasil, nos Séculos 19 e XXI.
Por quase cinco séculos, o Brasil, ainda que involuntariamente e por inauditos sacrifícios, ofereceu o melhor de sua riqueza, do trabalho e da engenhosidade de sua gente para que a Metrópole colonial sustentasse seu império, com todas as chances de transformar-se em uma potência europeia e, quiçá, mundial. Malgrado os incomensuráveis sacrifícios, as toneladas de ouro, diamantes e outras pedras preciosas, as florestas de Pau-Brasil, os milhões de sacas de açúcar, os impostos escorchantes, e a renda do vil comércio de escravos e índios, nada foi suficiente para garantir uma situação segura e confortável da pátria lusa entre as nações europeias.
Hoje, ao lado da Espanha e Itália, Portugal não apenas integra o grupo dos países mais afetados pela crise econômica, como inspira desconfiança e desdém de seus aliados mais poderosos da União Europeia, cujo barco econômico, sob a bandeira da Zona do Euro, está fazendo água e ameaça naufragar, ou ao menos oferecer botes salva-vidas para os passageiros da primeira classe.
Enquanto isto, ainda que afetado pela crise, o Brasil, aproveitando-se das riquezas de seu território continental e do mercado interno constituído por seus quase duzentos milhões habitantes, prossegue em seu crescimento econômico e na sua irreversível emersão na condição de liderança regional e mundial. Algo natural, apenas atrasada pela herança da escravidão, do colonialismo, da concentração de terras e renda, e pela cultura do patrimonialismo, com combinações de corrupção, ditadura, subserviência, ineficiência e má gestão.
Mesmo aos trancos e barrancos, com um mínimo de determinação para a inversão de prioridades, em prol dos que se encontram na base da pirâmide social, o futuro previsto por Stephan Zweig deixa de ser apenas uma previsão de esperança e otimismo, para tornar-se algo tangível e muito próximo do papel antevisto por Darcy Ribeiro.
Por tudo isto, ao invés de nos propormos a ajudar difusamente os países europeus, deveríamos nos voltar para a ex-Metrópole, oferecendo a oportunidade de fazer parte de nossa melhor História, a que estar por vir.
Se Portugal vir a se tornar o vigésimo oitavo Estado da Federação, como sugerido ironicamente pelo Financial Times, em março, não apenas fará parte da sexta economia mundial, saindo da crise e ingressando numa era de crescimento, mas ainda permitirá que, em lugar do desdém e da desconfiança com  que é tratado por França e Alemanha, poderá impor-se em pé de igualdade, como sócio-credor do FMI e membro dos BRIC. E, além disto, na copa de 2014 poderá ver Cristiano Ronaldo jogando pelo Hexa, ao lado de Neymar.
Esta não é uma alternativa, é a melhor solução, ora pois!
Falando sério, em lugar desse Titanic da União Européia, bem que poderíamos ter a União Lusa, em condições de ajudar principalmente nossos irmãos da África.
Elias Araujo é Historiador e Consultor na área de Meio Ambiente

Nenhum comentário:

Postar um comentário