O Conselho de Segurança da ONU condenou fortemente os “ataques terroristas” que causaram pelo menos 55 mortos e 372 feridos em Damasco. Ban Ki-moon apelou “a todas as partes” para que ponham fim à violência.
Os dois atentados à bomba que nesta quinta-feira ocorreram em Damasco não foram reivindicados. Enquanto o regime de Bashar al-Assad responsabiliza os rebeldes, estes acusam as forças leais ao regime de desencadearem o ataque. Este foi o atentado mais mortífero dos últimos meses na Síria, apesar do cessar-fogo decretado por ambas as partes e da presença de um grupo de observadores da ONU no país.
“Os membros do Conselho de Segurança condenam fortemente o ataque terrorista que ocorreu em Damasco e causou inúmeros mortos e feridos”, declararam os 15 países membros do Conselho de Segurança num comunicado em que apelam também às duas partes em conflito que apliquem “imediatamente e de forma clara” o plano apresentado pelo mediador da Liga Árabe e da ONU, Kofi Annan, que prevê o fim da violência e o início do diálogo político.
Também o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu ao regime sírio e à oposição que “se distanciem” do terrorismo e reforçou o seu apelo para que ambas as partes respeitem o seu compromisso de pôr fim à violência. “Todas as partes devem respeitar a resolução 2043 do Conselho de Segurança e o plano de seis pontos de Kofi Annan em que se comprometem a resolver esta crise pacificamente”.
Os dois atentados à bomba na capital síria foram quase simultâneos e provocaram pelo menos 55 mortos e 372 feridos, muitos em estado grave. A televisão estatal síria difundiu imagens que mostram um cenário de destruição.
Citando o ministro da Saúde, o canal Addounia, dava um primeiro balanço de 29 mortos e 103 feridos nos atentados. Mas os números foram actualizados em alta ao início da tarde pelo Ministério do Interior sírio. A televisão estatal síria avançara pouco antes que os ataques perpetrados por “terroristas”, junto a uma via rápida na zona de Qazzaz, pelas 8h locais (menos duas horas em Portugal continental), causaram dezenas de mortos e feridos, todos “civis”. O comunicado refere que entre as vítimas também se encontravam militares.
Por seu lado, o Observatório Sírio dos Direitos do Homem (organização não-governamental, com sede em Londres) afirmou que as duas explosões – uma das quais provocada com um carro armadilhado – tiveram como alvo um centro de informações e causaram vítimas, sem, no entanto, avançar mais detalhes.
No local, o chefe da missão dos observadores da ONU que se encontra na Síria ao abrigo do plano de pacificação das Nações Unidas e Liga Árabe, apelou à ajuda da comunidade internacional para fazer parar a vaga de violência: “Nós, a comunidade internacional, estamos com o povo sírio e apelo a todos na Síria e fora da Síria a que nos ajudem a parar a violência”, afirmou Rober Mood.
O Conselho Nacional Sírio, principal coligação da oposição ao Presidente Bashar al-Assad, apontou responsabilidades prontamente ao próprio regime. “É o regime que faz estes ataques para enviar duas mensagens: uma para dizer aos observadores [da missão internacional das Nações Unidas] que estão em perigo, e a outra para corroborar as suas alegações de que há grupos armados e da Al-Qaeda a agir na Síria", sustentou Samir Nachar, do gabinete executivo do CNS, citado pela agência noticiosa francesa AFP.
O último atentado com vítimas mortais registado em Damasco foi a 27 de Abril: 11 pessoas morreram na sequência de um atentado suicida, perto de uma mesquita. O regime de Bashar al-Assad enfrenta há 14 meses uma revolta popular, sendo que 12 mil pessoas já morreram, a maioria civis, segundo os números do observatório sírio sediado em Londres, reconhecidos pelas Nações Unidas.
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