Livro acusa Bush de intromissão na Scotland Yard10 de setembro de 2008 • 12h53 • atualizado às 13h0
Um livro acusa o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, e o vice-presidente americano, Dick Cheney, de terem arruinado uma operação antiterrorista da Scotland Yard ao se intrometerem nela por motivos eleitoreiros.
Segundo o livro The way of the world, de Ron Suskind, em julho de 2006, em plena campanha para as eleições para o Congresso dos EUA, o então primeiro-ministro britânico, Tony Blair, falou com Bush da chamada "Operação Overt" contra um grupo que pretendia supostamente derrubar vários aviões sobre o Atlântico usando explosivos líquidos.Os britânicos precisavam da ajuda dos americanos no Paquistão e decidiram compartilhar com eles a informação que tinham sobre o grupo.
Segundo Suskind, a Casa Branca se precipitou com uma detenção no Paquistão, pois queria demonstrar aos eleitores americanos que a Al-Qaeda continuava sendo uma ameaça, o que obrigou a Polícia britânica a prender vários suspeitos no Reino Unido antes de poder reunir provas suficientes contra eles.
O resultado daquela inoportuna ingerência foi vista quando nesta segunda-feira um júri britânico absolveu quatro dos sete detidos e declarou outros culpados de "conspiração para matar pessoas" ao não poderem demonstrar a existência de um complô para derrubar aviões, como sustentava o promotor.
Segundo o livro de Suskind, ganhador de um prêmio Pulitzer, a operação antiterrotista foi realizada depois que Blair informou a Bush que a Scotland Yard queria esperar ainda algum tempo para reunir mais provas antes de deter os suspeitos.
Segundo Suskind, os especialistas em antiterrorismo britânicos e americanos têm uma forma de atuar totalmente distinta. "Os norte-americanos são muito impacientes e têm o pavio curto, o que motiva queixas por parte dos britânicos", critica.
Dois anos depois, um júri britânico teve a responsabilidade de decidir com provas insuficiente reunidas "se tinham na sua frente um novo 11 de Setembro ou um grupo de loucos". Finalmente, os jurados optaram por esta última opção ao emitir seu veredicto, escreve hoje o conhecido jornalista Simon Jenkins no jornal The Guardian.
Segundo Jenkins, "isto é o que acontece quando uma conspiração criminal se redefine como um ato de guerra. Vira um assunto político".
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