terça-feira, 10 de julho de 2012

Mulher é fuzilada no Afeganistão e o mundo permanece calado


Por: Jeferson da Silva Figueiredo


A execução sumária e em público, de uma mulher no Afeganistão publicada pela internet no dia de ontem (9/7/12), foi assistida por bilhões de pessoas em todo mundo. 

Ela chamava-se Nagiba e a sua morte não pode ser encarada como apenas mais uma das mulheres mortas violentamente ao longo da existência humana, onde a impunidade é a única certeza. Uma mobilização internacional de todos os setores e classes sociais, de todos os países, deveria dar início a uma série de debates com acordos e  propostas rápidas e eficazes, objetivando o fim da violência contra a mulher.   

Onde está a ONU?  

Este blog repudia toda e qualquer forma de violência e no caso de hoje, fazemos referência especial à violência contra a mulher. 

A história civilizada é recente se levarmos em consideração que o planeta tem mais de 4.57 bilhões de anos e a escrita tem aproximadamente 4.000 anos, onde na mesopotâmia, no vale do rio Tigre e Eufrates, os Sumérios, primeiro povo da civilização Mesopotâmia a inventaram. 

É evidente que com o advento da escrita, não queremos dizer que começamos a ter relatos de violência registrados em cartórios ou delegacias, mas sim, demonstrar um parâmetro básico acerca dos milênios de anos de maus tratos, subserviência e morte pela qual as mulheres foram submetidas ao longo da sua existência na terra na qual não temos quaisquer relatos. 

É uma questão de justiça global, de resgate da dignidade humana. Precisamos dar um basta na violência e na execução sumária das mulheres. A impunidade alimenta esses atos e precisa ter fim. 

Os números são ínfimos e as estatísticas não revelam a total realidade dos fatos. Os governos mundiais pouco fazem ou fizeram para conter o avanço desenfreado da covardia masculina praticada contra o sexo oposto em que trata a mulher como ser inferior, sobmetida às piores condições de trabalho, dignidade e oportunidade. 

A submissão da mulher ao homem é a nítida expressão da condição de inferioridade que ao longo da história perseguiu o sexo feminino.

Em pleno século 21 a violência e o homicídio contra as mulheres continuam sendo praticados nos quatro cantos do mundo, tanto nos países desenvolvidos quanto nos mais pobres, independente do fundamentalismo religioso ou da ignorância estarem presentes. 

No Brasil, avançamos muito nos últimos anos, com a criação da Secretaria Especial das mulheres, das delegacias especiais de proteção à mulher ( a primeira criada em 1985) e finalmente da sanção da Lei Maria da Penha (11.340/06) de 07 de agosto de 2006. 

Desde a sanção da lei Maria da Penha, foram abertos mais de 300 mil processos e promulgadas mais de 1.500 prisões em flagrantes, e segundo o IBGE, menos de 10% dos municípios brasileiros possuem uma delegacia de proteção à mulher. 

Se após seis anos da Lei Maria da Penha, temos esses números oficiais, podemos imaginar quais seriam as cifras se tivéssemos condições de mensurar através de mapeamento e monitoramento da quantidade de mulheres que foram executadas por seus pares, por covardes masculinos ao longo da nossa história? 

Fica aqui uma reflexão urgente e inadiável que cabe a todos os seres humanos sensatos possuidores de um mínimo de amor ao próximo e razão, no sentido de coibir de maneira rápida e eficaz todo tipo de violência contra as mulheres do mundo inteiro, através da conscientização, de políticas públicas inclusivas e  de leis mais duras contra os que praticam barbáries contra as mulheres, a serem aplicados por Estados menos omissos e tribunais menos machistas. 

Jeferson Figueiredo é músico, Bacharel em Direito e estudou na Universidade de Samara na Rússia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário