Por: Jeferson da Silva Figueiredo
A execução sumária e em público, de uma mulher no Afeganistão publicada pela internet no dia de ontem (9/7/12), foi assistida por bilhões de pessoas em todo mundo.
Ela chamava-se Nagiba e a sua morte não pode ser encarada como apenas mais uma das mulheres mortas violentamente ao longo da existência humana, onde a impunidade é a única certeza. Uma mobilização internacional de todos os setores e classes sociais, de todos os países, deveria dar início a uma série de debates com acordos e propostas rápidas e eficazes, objetivando o fim da violência contra a mulher.
Onde está a ONU?
Este blog repudia toda e qualquer forma de violência e no caso de hoje, fazemos referência especial à violência contra a mulher.
A história civilizada é recente se levarmos em consideração que o planeta tem mais de 4.57 bilhões de anos e a escrita tem aproximadamente 4.000 anos, onde na mesopotâmia, no vale do rio Tigre e Eufrates, os Sumérios, primeiro povo da civilização Mesopotâmia a inventaram.
É evidente que com o advento da escrita, não queremos dizer que começamos a ter relatos de violência registrados em cartórios ou delegacias, mas sim, demonstrar um parâmetro básico acerca dos milênios de anos de maus tratos, subserviência e morte pela qual as mulheres foram submetidas ao longo da sua existência na terra na qual não temos quaisquer relatos.
É uma questão de justiça global, de resgate da dignidade humana. Precisamos dar um basta na violência e na execução sumária das mulheres. A impunidade alimenta esses atos e precisa ter fim.
Os números são ínfimos e as estatísticas não revelam a total realidade dos fatos. Os governos mundiais pouco fazem ou fizeram para conter o avanço desenfreado da covardia masculina praticada contra o sexo oposto em que trata a mulher como ser inferior, sobmetida às piores condições de trabalho, dignidade e oportunidade.
A submissão da mulher ao homem é a nítida expressão da condição de inferioridade que ao longo da história perseguiu o sexo feminino.
Em pleno século
No Brasil, avançamos muito nos últimos anos, com a criação da Secretaria Especial das mulheres, das delegacias especiais de proteção à mulher ( a primeira criada em 1985) e finalmente da sanção da Lei Maria da Penha (11.340/06) de 07 de agosto de 2006.
Desde a sanção da lei Maria da Penha, foram abertos mais de 300 mil processos e promulgadas mais de 1.500 prisões em flagrantes, e segundo o IBGE, menos de 10% dos municípios brasileiros possuem uma delegacia de proteção à mulher.
Se após seis anos da Lei Maria da Penha, temos esses números oficiais, podemos imaginar quais seriam as cifras se tivéssemos condições de mensurar através de mapeamento e monitoramento da quantidade de mulheres que foram executadas por seus pares, por covardes masculinos ao longo da nossa história?
Fica aqui uma reflexão urgente e inadiável que cabe a todos os seres humanos sensatos possuidores de um mínimo de amor ao próximo e razão, no sentido de coibir de maneira rápida e eficaz todo tipo de violência contra as mulheres do mundo inteiro, através da conscientização, de políticas públicas inclusivas e de leis mais duras contra os que praticam barbáries contra as mulheres, a serem aplicados por Estados menos omissos e tribunais menos machistas.
Jeferson Figueiredo é músico, Bacharel em Direito e estudou na Universidade de Samara na Rússia.
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