
A melhor estratégia em política é criar um inimigo comum que a todos ameace indiscriminadamente. Pode ser o "perigo vermelho", as "ONGs verdes da Otan", "imigrantes sujos que vêm roubar nossos empregos" ou inimigos reais que angariam raivas e frustrações da população.
Este ano de 2011 foi (e ainda está) sendo excepcional neste sentido. Como um vento que muda de direção subitamente e confunde as velas, os inimigos apareceram, aqueles reais. Da Praça Tahrir, no Egito, até Wall Street, em Nova York, passando pelo Viaduto do Chá, em São Paulo, os inimigos estão nascendo, sendo criados ou percebidos como tal. Se no "Ocidente" ainda não há um alvo específico, a tal "primavera árabe" se revolta contra seus longevos ditadores.
O caso da Líbia é revelador. Kadafi transitou em várias inimizades durante a sua vida burlesca. Terrorista para o mundo, libertador para a Internacional Socialista (que só o expulsou este ano dos seus quadros), o ditador líbio, com fortuna estimada em 80 bilhões de dólares, foi odiado e cortejado por dezenas de lideres políticos. Não era mais "o terrorista da PanAm", mas um líder legítimo e carismático que se sentava sobre importantes reservas de petróleo.
Em uma ação questionada, o ex-socialista-terrorista e amigo de Bush, Berlusconi e Lula, foi morto. Ainda não se sabe se morreu "em combate" ou se foi crime de execução (o que garante a queima de arquivo e evita tribunais).
Agora, na Líbia e no Egito, não há mais o agente catalisador e agregador das raivas e frustrações. Nada mais une os "rebeldes" e as fissuras tomam o lugar da coesão.
No Egito os protestos continuam e estão ficando cada vez mais violentos. A Líbia deve ir pelo mesmo caminho. Tempos sombrios virão. E agora sem a comunidade internacional ou a Otan para escolher um dos lados (o mais útil, sempre), para interceder e intervir (no que eu pergunto: E a casa real Saudita, esta a pior ditadura árabe, anos-luz à frente do "eixo-do-mal" do Irã? Nada?)
Os riscos da libertação são altos. Refluxos conservadores e autoritários estão no horizonte, antigas divisões solapadas pelo inimigo comum também. Seja qual for o destino que aguarda estas revoltas, se de progresso ou de retrocesso, o vulcão entrou em erupção. Melhor assim.
Fonte:Walter Hupsel | On The Rocks
Este ano de 2011 foi (e ainda está) sendo excepcional neste sentido. Como um vento que muda de direção subitamente e confunde as velas, os inimigos apareceram, aqueles reais. Da Praça Tahrir, no Egito, até Wall Street, em Nova York, passando pelo Viaduto do Chá, em São Paulo, os inimigos estão nascendo, sendo criados ou percebidos como tal. Se no "Ocidente" ainda não há um alvo específico, a tal "primavera árabe" se revolta contra seus longevos ditadores.
O caso da Líbia é revelador. Kadafi transitou em várias inimizades durante a sua vida burlesca. Terrorista para o mundo, libertador para a Internacional Socialista (que só o expulsou este ano dos seus quadros), o ditador líbio, com fortuna estimada em 80 bilhões de dólares, foi odiado e cortejado por dezenas de lideres políticos. Não era mais "o terrorista da PanAm", mas um líder legítimo e carismático que se sentava sobre importantes reservas de petróleo.
Em uma ação questionada, o ex-socialista-terrorista e amigo de Bush, Berlusconi e Lula, foi morto. Ainda não se sabe se morreu "em combate" ou se foi crime de execução (o que garante a queima de arquivo e evita tribunais).
Agora, na Líbia e no Egito, não há mais o agente catalisador e agregador das raivas e frustrações. Nada mais une os "rebeldes" e as fissuras tomam o lugar da coesão.
No Egito os protestos continuam e estão ficando cada vez mais violentos. A Líbia deve ir pelo mesmo caminho. Tempos sombrios virão. E agora sem a comunidade internacional ou a Otan para escolher um dos lados (o mais útil, sempre), para interceder e intervir (no que eu pergunto: E a casa real Saudita, esta a pior ditadura árabe, anos-luz à frente do "eixo-do-mal" do Irã? Nada?)
Os riscos da libertação são altos. Refluxos conservadores e autoritários estão no horizonte, antigas divisões solapadas pelo inimigo comum também. Seja qual for o destino que aguarda estas revoltas, se de progresso ou de retrocesso, o vulcão entrou em erupção. Melhor assim.
Fonte:Walter Hupsel | On The Rocks
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