
Os opositores sírios que há mais de um ano protestam pela saída do líder Bashar al-Assad do poder fizeram neste sábado o que se acredita ser sua primeira ofensiva por mar, deixando feridos entre suas próprias tropas e as forças do regime. O ataque chega no mesmo dia em que o Líbano barrou um navio que trazia armamentos aos rebeldes.
O ataque, realizado por rebeldes armados a bordo de botes, ocorreu próximo à cidade de Lattakia, na costa da Síria no Mar Mediterrâneo, próximo à fronteira com a Turquia.
Segundo a imprensa estatal síria, os confrontos entre os rebeldes e forças de segurança deixaram feridos dos dois lados, mas não houve relatos de mortes.
Em outro desdobramento, o governo libanês anunciou mais cedo ter interceptado um navio que rumava para a costa síria com um carregamento de armas supostamente destinadas a alimentar as frentes de batalha rebeldes. O navio teria zarpado da Líbia.
Embora o governo de Assad tenha oficialmente aderido a um plano de cessar-fogo mediado pelo enviado especial da ONU e da Liga Árabe Kofi Annan ainda no dia 12 de abril, mais confrontos incluindo mortes ocorreram neste sábado em subúrbios da capital, Damasco, e na cidade de Aleppo.
De acordo com o Observatório Sírio de Direitos Humanos, com base em Londres, ao menos seis pessoas teriam morrido nos combates.
Na quinta-feira, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, classificou a continuidade dos ataques das forças do regime como uma "contravenção" ao plano de paz.
Armamentos
Segundo a Marinha do Líbano, o navio, Lutfallah 2º, levava três containers com armas e munições para os rebeldes.
A embarcação teria começado a viagem na Líbia, e após uma escala no porto de Alexandria, no Egito, atracou no porto de Trípoli, no norte do Líbano.
A cidade, que leva o mesmo nome da capital líbia, é um dos pontos logísticos dos rebeldes sírios, e segundo o governo de Assad tem servido como porta de entrada para o contrabando de armamentos que fortalecem os opositores.
O analista da BBC em Beirute, Jim Muir, diz que o governo de transição líbio simpatiza com os movimentos rebeldes da Síria.
Já o ataque por mar, classificado pelo governo sírio como um "atentado terrorista", teria ocorrido a cerca de 30 quilômetros da fronteira entre e a Síria e a Turquia.
Segundo a agência de notícias estatal Sana os militares sírios desmantelaram a ofensiva.
Missão da ONU
As Nações Unidas mantêm no momento cerca de 15 observadores na Síria, com o objetivo de fiscalizar a implementação do frágil cessar-fogo colocado em prática no dia 12 de abril.
Embora os dois lados do conflito tenham acordado a trégua, os confrontos se mantiveram.
Na sexta-feira uma explosão no centro de Damasco deixou ao menos dez mortos e 20 feridos.
O Conselho de Segurança da ONU aprovou nos últimos dias o envio de 300 monitores ao país.
A ONU estima que 9 mil pessoas morreram desde que os protestos contra Assad começaram em março de 2011.
O governo sírio, por outro lado, avaliou até fevereiro a quantidade de mortos em 3.838 pessoas - sendo 2.493 civis e 1.345 militares.
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