
Penúltima escola do primeiro dia do Carnaval de São Paulo, a Acadêmicos do Tucuruvi cantou sobre a África primitiva e suas riquezas no samba-enredo “O esplendor da África no reinado da folia”.
Sexta escola no Anhembi, depois da Camisa Verde e Branco, Império de Casa Verde, X-9 Paulistana, Vai-Vai e Rosas de Ouro, a Acadêmicos passeou pelo continente e lembrou que o tambor, considerado o coração de uma escola de samba é uma herança africana.
A agremiação da zona norte paulistana entrou na avenida às 5h35, tentando fugir do lugar-comum ao deixar pobreza e escravidão de lado. Fauna e flora, porém, foram escaladas.
Este ano, a escola deixou de lado materiais sintéticos para dar espaço a materiais naturais, como palha, juta e bambu, que complementavam fantasias multicoloridas.
Caroline Bittencourt foi a madrinha da Acadêmicos do Tucuruvi que, no ano passado, foi vice-campeã do Carnaval, a melhor colocação da história da agremiação.
O casal de mestre-sala e porta-bandeira Robinson da Silva e Thaís Paraguassú representaram deuses africanos. O rapper Emicida, morador ilustre do bairro, também participou do desfile. A rainha da bateria é Valéria de Paula.
Todo o luxo proposto pelo enredo, porém, estava representado na fantasia da madrinha da bateria, Caroline Bittencourt, que carrega costeiro com 500 penas de faisão, conta com 200 metros de cristais e custa cerca de R$ 40 mil.
"Espero que a Tucuruvi leve a alegria do enredo, que fala da África, e da cultura que os africanos trouxeram para o Brasil. Foi uma surpresa ver a fantasia pronta, eu amei, não esperava uma coisa tão bonita", disse a madrinha antes do desfile.
Mestre Adamastor, da bateria da Acadêmicos do Tucuruvi, falou sobre a pressão de desfilar neste ano, depois de perder o campeonato para a Vai-Vai em 2011. "Estou trabalhando o ano todo para atender às expectativas da escola. Claro que a responsabilidade é maior, os tambores são o coração da escola. E o peso deste ano é maior, porque a escola está buscando o campeonato. Mas vamos com humildade e muito esperança".
Com fantasias inspiradas em trajes típicos de tribos africanas, a comissão de frente "África que Acolhe teus Filhos em teu Coração" mostrou um feiticeiro que abre caminho enquanto os guerreiros protegem um bebê recém-nascido, que é apresentado à tribo.
Com cabanas de palha, elefantes e uma enorme cabeça de um chefe tribal o primeiro carro alegórico, "Esplendor da África", introduziu o tema do enredo da Acadêmicos do Tucuruvi.
O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira apresentou uma coreografia afro. A porta-bandeira trazia uma fantasia feita à mão, com penas de faisão importadas, representando a importância da mulher nas tribos africanas.
O segundo carro, "África Selvagem", trouxe mais de R$ 30 mil em plantas vivas, incluindo bromélias, palmeiras, camélias, arecas e ráfias, que serão doadas para a subprefeitura do Tucuruvi para serem plantadas no bairro. Uma ala com fantasias decoradas por caveiras representava o "Ritual de Sepultamento".
A ala das baianas, que contou com uma integrante de 13 anos, trouxe a fantasia "Mães Feiticeiras", entidades responsáveis pela harmonia das famílias.
Ainda com o tema da magia, o terceiro carro, "Rituais Africanos", foi decorado com caveiras, morcegos e uma enorme coruja e contava com efeitos especiais simulando fogo e muita fumaça.
Em um arranjo pouco usual, a bateria saiu do recuo à frente da quarta alegoria, quase na metade do desfile.
O quarto carro, "Artesanato - A Arte que Vem das Mãos", foi confeccionado em espuma trançada e isopor, representando cerâmicas e outras peças de manufatura africana.
O último carro, "Os Bambas", fechou o desfile com uma homenagem ao grupo de africanos que chegou primeiro ao Brasil, trazendo sua cultura, arte e religião, e às pessoas que não deixam o samba morrer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário