segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Lindemberg falará com júri

Pela primeira vez, Lindemberg Alves Fernandes, 25 anos, acusado de matar a ex-namorada Eloá Cristina Pimentel, após mantê-la em cativeiro por cerca de 100 horas na casa da vítima, em Santo André, falará com os jurados.

Lindemberg chegou ao Fórum de Santo André por volta das 8h, após 1h50 de viagem. Ele foi trazido do presídio de Tremembé, no interior de São Paulo, onde está preso desde outubro de 2008, sob forte escolta policial. O julgamento está previsto para começar às 9h. É grande a presença de jornalistas desde a madrugada desta segunda-feira. Cerca de 70 policiais militares reforçam a segurança no Fórum.

A advogada de defesa, Ana Lúcia Saad, chegou ao local por volta das 8h30 e falou com a imprensa. Ela explicou que Lindemberg estava esperando para falar com quem, de fato, irá julgá-lo. "Eu espero que os jurados não venham ‘armados' e sim de coração aberto."

Ela adiantou que, durante o julgamento, serão exibidos trechos do longa-metragem "Sem Vestígios" (2008), que tem a atriz Diane Lane no papel principal. "A lição que o filme passa é importante", afirmou.

Segundo Ana Lúcia, seu cliente não se sente processado pelo judiciário de maneira correta, já que todas as instâncias foram indeferidas. Ela fez uma comparação do caso de Lindemberg com o do jornalista Pimenta Neves, acusado de matar Sandra Gomide em 2000 com dois tiros - um nas costas e outro na cabeça. "Pimenta Neves ficou muitos anos em prisão domiciliar e ele (Lindemberg), o menino de periferia, sem antecedentes criminais, com dois trabalhos, que nunca passou nem na porta de uma delegacia, serviu de bode expiatório. Toda história tem duas versões Ele é um rapaz bom, ingênuo", disse.

Ana Lúcia condenou novamente o trabalho da imprensa na cobertura dos fatos e afirmou que não irá revelar a tese da defesa. Ela apenas confirmou que todas as testemunhas convocadas podem contribuir de alguma forma para o caso.

Com um visual diferente e acompanhada por familiares, Nayara Rodrigues, amiga de Eloá, que também foi mantida refém por Lindemberg, chegou ao Fórum por volta das 8h50. Ela adiou mais uma cirurgia no maxilar, onde foi atingida por um tiro na época do crime, para poder comparecer ao julgamento.

Os outros dois amigos de Eloá, Vitor Lopes de Campos e Iago Vilela de Oliveira, que foram mantidos reféns, mas libertados no primeiro dia de cárcere, também já estão no local.

Muito abatida, a mãe de Eloá, Ana Cristina Pimentel da Silva, chegou por volta das 9h17, acompanhada do advogado Ademar Gomes, sob os gritos de justiça do público presente. Ela afirmou que desde o crime ninguém da família de Lindemberg a procurou e que espera que ele seja condenado. "Quero que ele pague pelo que ele fez. Não o perdôo, mas também não tenho raiva."

Ana Cristina disse que não conseguiu comer nem dormir de ontem para hoje e que espera que desta vez tudo se resolva. "Não entendo o por quê de ter demorado tanto. Vai ser muito difícil reencontrá-lo. Orei a Deus pedindo para que Ele ajude a resolver essa história da melhor maneira possível. Não entendo muito de leis, mas espero que finalmente haja justiça", concluiu a recepcionista.

Cerca de 50 pessoas, entre curiosos e estudantes de Direito, estão no local aguardando o início do julgamento. O primeiro da fila era Mauro Washington Duvilierz, de 46 anos, que chegou por volta da meia-noite. "A população já conhece ele (Lindemberg) e não há diferença que possa reverter a sua situação", disse o autônomo, estudante do 3° semestre de Direito, que pretende acompanhar os três dias de júri.

Dezenove testemunhas serão ouvidas, 5 de acusação e 14 de defesa -, e sete jurados decidirão se o réu é ou não culpado por homicídio qualificado, tentativa de homicídio qualificado, disparo de arma de fogo e cárcere privado. A expectativa é de que o resultado saia até quarta-feira.

Nenhum comentário:

Postar um comentário