terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Chávez volta aos holofotes Após tratamento contra câncer,

Em ano eleitoral, presidente venezuelano tenta mostrar que está de volta com a mesma energia de antes da doença

Depois de um ano em que permaneceu sob tratamento contra o câncer, período em que esteve aparentemente mais fraco e silencioso, Hugo Chávez, o animado e controverso presidente venezuelano que costuma desafiar e provocar os Estados Unidos, recuperou suas forças.

Este mês ele recebeu o presidente Mahmoud Ahmadinejad do Irã, abraçando-o como um amigo, fazendo piadas sobre armas nucleares e rindo a respeito das acusações feitas pelos Estados Unidos e seus aliados de que o Irã está desenvolvendo uma bomba atômica.

Ele prometeu que não irá fazer parte de um processo de arbitragem do Banco Mundial que pode obrigar a Venezuela a pagar bilhões de dólares para empresas estrangeiras que ele nacionalizou, como a Exxon Mobil.

Além disso, com um só golpe, conseguiu irritar Washington e adversários políticos em seu próprio país ao nomear como novo Ministro da Defesa um homem que foi acusado pelos Estados Unidos de apoiar o tráfico de drogas de um grupo rebelde colombiano classificado como uma organização terrorista pelo Departamento de Estado.

Durante o outono e o verão do hemisfério norte, Chávez pareceu mais fragilizado, já que quase não fez nenhuma aparição pública.

Ele diminuiu seus compromissos e chegou a deixar de apresentar seu programa semanal na televisão local, o "Alô, Presidente", que por anos tem sido um fator importante na sua capacidade de ganhar apoiadores e moldar a opinião pública nacional.

Mas agora que diz ter vencido o câncer, ele voltou a se afirmar como a figura dominante da Venezuela em uma difícil campanha para a sua reeleição este ano.

Como uma demonstração de seu renovado vigor, Chávez falou por mais de nove horas em seu discurso anual à Assembleia Nacional este mês. Ele não se sentou nenhuma vez e parou apenas para tirar as dúvidas dos legisladores.

Comentaristas disseram que o pronunciamento, o equivalente a um discurso sobre o Estado da União americano, foi o mais longo que ele já fez (mais longo até do que a versão do ano anterior, que teve apenas sete horas e meia) e que Chávez tinha a intenção de mostrar aos eleitores, políticos de seu próprio partido e da oposição que seu poder não está enfraquecido.

Ele concluiu seu discurso lendo uma passagem de Nietzsche sobre a importância da vontade na hora de superar obstáculos. Ele o encerrou com suas próprias palavras: "Olhem eu aqui, estou de volta."

Foi "um discurso típico de Chávez em campanha, como antigamente", disse Michael E. Shifter, presidente do Inter-American Dialogue, um grupo político apartidário. "Ele está basicamente dizendo: 'Estou de volta, estou em total controle, este é o mesmo Chávez de antigamente."'

Por William Neuman

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