quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Parlamento da França aprova lei que criminaliza negação de genocídios

Parlamento da França aprova lei que criminaliza negação de genocídios
Há 500 mil franceses são de origem armênia. Manifestações na Turquia protestaram. Falaram em atentado à liberdade de expressão.

Marcos Uchôa Paris, França

Hitler disse: quem se lembra dos armênios? A pergunta visava justificar o genocídio contra os judeus, argumentando que o que os armênios sofreram de 1915 a 1923 já tinha sido praticamente esquecido e que, portanto, matar milhões de pessoas não teria consequências.

Historiadores concordam que cerca de 1,5 milhão de armênios foram mortos por turcos no meio de uma guerra em que o Império Otomano desaparecia, mas o que era tema de livros de história saltou das páginas para quase 100 anos depois virar discussão política.

Senadores franceses passaram uma lei que pune com um ano de prisão e multa de cerca de R$ 110 mil aqueles que negarem ou minimizarem a existência de um genocídio contra os armênios. A lei foi proposta pelo partido do presidente Nicholas Sarkozy.

Em abril, tem eleição, e 500 mil franceses são de origem armênia. Manifestações na Turquia protestaram. Falaram em atentado à liberdade de expressão, isso em um país onde é proibido afirmar que existiu um genocídio e em que cerca de 100 jornalistas estão presos.

O governo turco já tinha chamado de volta seu embaixador. Hackers turcos atacaram sites do governo francês. O comércio entre os dois países, de mais de 12 bilhões de euros, está ameaçado de represálias. O ministro de Relações Exteriores da França pediu calma, e, no país, muitos criticaram a lei.

Dizem que o parlamento não é um tribunal e que a história não é um assunto da competência de deputados, mas de historiadores. Acham até que a lei infringe a liberdade de expressão e o direito de pesquisa. Um conselho constitucional ainda vai avaliar o mérito da lei e é bem provável que seja criticada, mas não revogada.

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