Parlamento da França aprova lei que criminaliza negação de genocídios
Há 500 mil franceses são de origem armênia. Manifestações na Turquia protestaram. Falaram em atentado à liberdade de expressão.
Marcos Uchôa Paris, França
Hitler disse: quem se lembra dos armênios? A pergunta visava justificar o genocídio contra os judeus, argumentando que o que os armênios sofreram de 1915 a 1923 já tinha sido praticamente esquecido e que, portanto, matar milhões de pessoas não teria consequências.
Historiadores concordam que cerca de 1,5 milhão de armênios foram mortos por turcos no meio de uma guerra em que o Império Otomano desaparecia, mas o que era tema de livros de história saltou das páginas para quase 100 anos depois virar discussão política.
Senadores franceses passaram uma lei que pune com um ano de prisão e multa de cerca de R$ 110 mil aqueles que negarem ou minimizarem a existência de um genocídio contra os armênios. A lei foi proposta pelo partido do presidente Nicholas Sarkozy.
Em abril, tem eleição, e 500 mil franceses são de origem armênia. Manifestações na Turquia protestaram. Falaram em atentado à liberdade de expressão, isso em um país onde é proibido afirmar que existiu um genocídio e em que cerca de 100 jornalistas estão presos.
O governo turco já tinha chamado de volta seu embaixador. Hackers turcos atacaram sites do governo francês. O comércio entre os dois países, de mais de 12 bilhões de euros, está ameaçado de represálias. O ministro de Relações Exteriores da França pediu calma, e, no país, muitos criticaram a lei.
Dizem que o parlamento não é um tribunal e que a história não é um assunto da competência de deputados, mas de historiadores. Acham até que a lei infringe a liberdade de expressão e o direito de pesquisa. Um conselho constitucional ainda vai avaliar o mérito da lei e é bem provável que seja criticada, mas não revogada.
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