Horas antes de reunião do Conselho de Segurança da ONU, ativistas afirmam que repressão deixou mais de 100 mortos na segunda-feira
A escalada de violência nos últimos dias na Síria aumentou a pressão internacional sobre o regime do presidente Bashar Al-Assad, no momento em que países ocidentais trabalham para aprovar uma resolução do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) contra o governo sírio.
Nesta terça-feira, ativistas afirmaram que o Exército sírio dá continuidade a uma brutal operação contra desertores nos subúrbios de Damasco. A ação militar começou no sábado, quando as forças de segurança invadiram áreas nos arredores da capital que tinham passado para o controle dos dissidentes.
As forças de segurança teriam conseguido recuperar o controle da maior parte das áreas, mas um “intenso tiroteio” continua nas regiões de Zamalka e Arbeen, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, um grupo com sede em Londres. Há rumores, também, de que os rebeldes tomaram o controle da cidade de Rastan, na província de Homs, centro do país.
Outro grupo de oposição, conhecido como Comitês Locais de Coordenação, afirmou que a repressão deixou mais de 100 mortos em todo o país na segunda-feira, incluindo oito menores e uma mulher. O maior número de vítimas foi registrado em Homs, onde 76 foram mortos.
Os números foram divulgados horas antes de o Conselho de Segurança da ONU se reunir para discutir a situação na Síria. O secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al-Arabi, deve comparecer à sede da organização em Nova York e pedir apoio ao plano de paz do grupo que pede a renúncia de Assad.
Os EUA, o Reino Unido e a França vêm defendendo o texto da Liga Árabe, mas a Rússia prometeu usar seu poder de veto para bloquear a iniciativa. Segundo o governo russo, a resolução "deixa aberta a possibilidade de uma intervenção" nas questões internas do país árabe. Damasco rejeitou o plano da Liga, dizendo se tratar de um "ataque à soberania".
Em Londres, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, fez um apelo para que Moscou reconsidere sua posição.
“Chegou a hora de todos os membros do Conselho de Segurança assumirem suas responsabilidades ao invés de se proteger atrás daqueles que têm sangue em suas mãos”, disse Cameron na segunda-feira, em Bruxelas.
Uma autoridade francesa disse que ao menos dez membros do Conselho de Segurança apoiam a medida conclamando Assad a aceitar o plano de paz da Liga Árabe.
Um texto precisa do apoio de nove nações no órgão de 15 membros para ir à votação, mas ainda assim estaria sujeito ao veto de um de seus membros permanentes (EUA, China, Rússia, Reino Unido e França).
A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, e os chanceleres britânico e francês estão viajando a Nova York para pressionar pelo apoio à medida nas negociações de terça-feira. Em uma declaração, Hillary condenou a escalada de violência do regime, afirmando que o bombardeio contra áreas civis é "brutal".
Há várias semanas, a ONU estimou que a repressão na Síria deixou mais de 5,4 mil mortos desde o início do levante, em março.
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