quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Romney resiste a ataques e se fortalece






Em um inflamado discurso a seguidores na noite de terça-feira em Manchester, New Hampshire, o ex-governador de Massachusetts celebrou sua convincente vitória na prévia do partido no Estado e prometeu chegar com força à votação do dia 21 na Carolina do Sul.

E Romney também pode ter algo mais a celebrar: a adesão de parte do eleitorado conservador, que na terça-feira saiu em sua defesa diante dos ataques feitos pelos concorrentes internos Newt Gingrich e Rick Perry por causa da atuação dele como empresário.

Na semana passada, Gingrich e Perry chamaram a atenção para a empresa Bain Capital, firma de investimentos que teve Romney como um dos fundadores. Eles diziam que a Bain demitia funcionários e colhia enormes lucros ao adquirir empresas, sendo que algumas delas faliram. Gingrich, ex-presidente da Câmara dos Deputados, acusou Romney de "saquear" as companhias. Perry chamou Romney de "urubu".

Um grupo que apoia Gingrich anunciou planos de lançar um vídeo retratando Romney e a Bain como símbolos da cobiça corporativa.

Enquanto isso, Romney se complicou com uma frase que disse em New Hampshire, ao responder sobre a questão da escolha dos planos de saúde. "Eu gosto de poder demitir as pessoas", afirmou. A frase teve grande repercussão no YouTube e somou-se aos ataques relacionados à Bain para colocar sua campanha em modo de crise.

Na terça-feira, porém, a cavalaria conservadora saiu em socorro de Romney, um republicano moderado, que nem sempre foi o favorito da base conservadora do partido.

ataque ao capitalismo
Criticando o que eles basicamente viram como uma agressão de republicano para republicano, abalando o tradicional apoio do partido à livre iniciativa, conservadores como o radialista Rush Limbaugh se tornaram inesperados defensores de Romney.

Limbaugh, que antes acusava Romney de ser um oportunista sem convicções conservadoras, disse que as críticas de Gingrich e Perry equivalem a ataques ao capitalismo.

A colunista conservadora Jennifer Rubin perguntou, em artigo no The Washington Post, "por que Gingrich ataca Mitt Romney por causa do capitalismo de livre mercado, que está no centro do Partido Republicano moderno?".

Keith Appell, estrategista republicano conservador, acrescentou: "Quem não estava predisposto contra Mitt Romney (está saindo em) defesa dele".

Meg Whitman, ex-executiva-chefe do eBay e candidata derrotada ao governo da Califórnia no ano passado, disse que as críticas "anticapitalistas" a Romney são "ruins para o partido". "Deveríamos estar nos unindo agora atrás de um candidato para tentar recuperar a Casa Branca", afirmou ela.

Após vencer as primárias em Iowa e New Hampshire, Romney é agora o franco favorito para se tornar um candidato de consenso para enfrentar o presidente Barack Obama, do Partido Democrata. Mas os episódios em New Hampshire expõem possíveis pontos fracos da sua campanha e há sinais de que uma violenta batalha na Carolina do Sul representaria novos desafios.

A boa notícia para Romney: levar alguns sopapos em New Hampshire parece tê-lo preparado para o resto da disputa interna republicana e para a eleição geral de novembro, na qual Obama, candidato à reeleição, deverá retratar Romney como símbolo da cobiça corporativa.

Romney pareceu reconhecer isso no seu discurso de vitória em New Hampshire, no momento em que talvez tenha sido mais aplaudido. "O presidente Obama quer colocar a livre iniciativa em julgamento. Nos últimos dias, vimos alguns republicanos desesperados somando suas forças a ele. Esse é um grande erro para o nosso partido e a nossa nação", declarou.

Carolia do Sul
Gingrich, que disputa com o ex-senador Rick Santorum e com Perry o apoio do eleitorado socialmente conservador, precisa desesperadamente de um bom resultado na Carolina do Sul.

Na terça-feira, ele sinalizou sua intenção de manter o foco em Romney, lançando um anúncio televisivo que critica o rival por ter no passado apoiado o direito ao aborto - algo inadmissível para os conservadores republicanos.

A campanha de Gingrich pretende gastar mais de US$ 3 milhões com anúncios na Carolina do Norte, e apoiadores podem usar o vídeo abordando a passagem de Romney pela Bain.

O comentarista David Gergen, da rede de televisão CNN, que foi assessor de presidentes republicanos e democratas, disse que "a avalanche de anúncios negativos planejados contra Mitt Romney pelas forças de Newt Gingrich se tornou o curinga da Carolina do Sul".

"Os anúncios podem funcionar", disse Gergen, "mas há uma crescente possibilidade de que Romney possa reverter isso para sua vantagem, tornando-se o paladino do livre mercado".

Appel acrescentou que "se Mitt Romney se antevia como o indicado, ele precisava estar esperando esse tipo de ataque dos democratas. Pode ser que esses ataques por seus correligionários republicanos o tenham endurecido um pouco".

Outros analistas, porém, afirmaram que retratar Romney como um assassino de empregos pode ser uma estratégia mais eficaz na Carolina do Sul, onde o desemprego supera os 9%, do que em New Hampshire, onde a taxa fica em 5,2%.

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