
TV por assinatura ganha nova lei de regulamentação; operadoras dizem que vão combatê-la na Justiça, mas o consumidor só pensa numa coisa: quem é que vai ganhar com isso?
O uso de recursos de computação em fotografias pode dar movimento a imagens de natureza estática, criando uma espécie de gif animado com sofisticação — a técnica começou a ganhar terreno a partir de Nova York, com a dupla Jamie Beck (fotógrafo especializado em moda) e Kevin Burg (designer gráfico), e já tem vários seguidores. No Brasil, o fotógrafo Zeka Araújo — que começou no jornalismo e seguiu o caminho da experimentação artística — criou, no campo das ideias, outra imagem ainda mais interessante: a do movimento parado.Aplicado à vida, o movimento parado faz lembrar o cão que persegue o próprio rabo: exige (e despende) muita energia, mas não produz resultado algum. Ou aquela faxina em que a pessoa se propõe a dispensar o lixo inútil acumulado ao longo de anos, porém termina com tudo ainda dentro de casa, tendo apenas mudado a tralha de lugar.
As últimas notícias acerca da “Lei da TV por Assinatura”, de número 12.485, fazem pensar no nosso tradicional MPB (Movimento Parado Brasileiro), aquele que troca seis por meia dúzia e acaba sempre com uns poucos privilegiados fazendo a festa e o consumidor pagando a conta.
O ganhador da Mega -Sena
Quem serão os ganhadores da “Mega-Sena” da vez? Dirigentes de algumas empresas que já operam no mercado ameaçam ir à Justiça contra a novidade.
Manoel Rangel, diretor-presidente da Agência Nacional de Cinema (Ancine), aplaude e afirma que, “com mais competição, o consumidor poderá ter preços reduzidos e mais diversidade”.
Luiz Eduardo Baptista da Rocha, presidente da operadora Sky, garante que “o preço vai parar de cair e pode crescer de 10% a 12%”.
Sobre o controvertido sistema de cotas para produções e canais brasileiros, Rocha diz que “será ótimo para o produto nacional e péssimo para o consumidor”.
E a plebe ignara que contratou o serviço em seus primórdios por aqui, como opção aos Ratinhos, Faustões e Silvios Santos da vida, fica cada vez mais desconfiada, achando que caiu numa cilada.
Faz tempo que o “diferencial” começou a ir pelo ralo — com a síndrome da dublagem, a predominância absoluta da produção dos Estados Unidos e a proliferação dos realities shows, por exemplo.
Com esses e outros sintomas de uma epidemia de programação ruim no ar, alguém acredita que o horário nobre reservado ao produto nacional será ocupado por “A cura”, “Hoje é dia de Maria” e outras raridades desse nível? Afinal, nem mesmo a união com a campeã HBO é garantia de qualidade — “Mulher de fases” está aí mesmo para comprovar.
Expectativas
Para quem tem, ainda, alguns momentos de diversão com filmes antigos — ou mais recentes, mas que não merecem uma ida ao cinema — e séries que já viraram clássicas (ou que não foram detonadas nos EUA após uma, ou meia, temporada), a expectativa é o que virá por aí com o início da alta temporada na TV estrangeira — de preferência, com a opção de ver e ouvir tudo com as interpretações originais dos atores.
A estreia de “Two and a half men” com Ashton Kutcher no lugar de Charlie Sheen causou furor e altos índices de audiência (o episódio inteiro chegou a circular no YouTube, mas foi retirado pela Warner).
A garotada de “Glee” continua perseguindo o sucesso nas competições estudantis — e ganhou paródia até no infantil “Vila Sésamo”, exibido aqui na TV Educativa, quer dizer, Brasil. Ted Danson é o novo chefe da equipe de “CSI”, que continua firme e forte, assim como “Criminal minds”.
Em “Castle”, os roteiristas vão ter que rebolar para nada mudar depois da declaração de amor do mocinho para a mocinha (todo mundo sabe que par romântico desse tipo, geralmente, só fica junto no último capítulo). No “Law and order” que sobrou, o “SVU”, Christopher Meloni saiu, mas Mariska Hargitay desistiu e ficou — e assim por diante.
Trocando em miúdos, nos seriados que já têm muitos fãs no nosso país, mexeram em algumas coisas, mas tudo continua no mesmo lugar. Pelo menos neste caso, o movimento parado não deve incomoda
Por Solange Noronha
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